quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Notícias natalinas

Foi aberta oficialmente nos últimos dias a aguardada temporada dos biscoitos em forma de pinheiros, estrelas, anjos, papais noéis e muito mais que minha valiosa coleção de cortadores permite recortar. Mas como uma invençãozinha também sempre faz bem, estes aí de cima foram modelados à mão. Rolinhos de massa, da mesma maneira que se enrola pra fazer nhoque, transformaram-se em bengalas do Papai Noel. Perfumam uma lata à espera dos outros que devem sair do forno na próxima semana. Depois serão embalados juntos e seguirão trajetos para adoçar o Natal de alguns queridos.
Empenho-me em buscar o encantamento da época seguindo essas tradições singelas e também indo ao encontro de momentos que toquem a alegria da celebração. Numa noite dessas, demos um pulinho a Dois Irmãos, no pé da serra, para curtir a beleza que aquela comunidade e a prefeitura criam no seu Natal dos Anjos. E na sossegada cidadezinha, um pinheiro gigante acendeu o brilho de nossos olhos e provocou longas exclamações a cada troca de cor. Um espetáculo por fora e por dentro provando que reciclagem bem-feita produz resultados belíssimos (as bolas imensas foram montadas com o fundo de garrafas pet).

Lá também mora Papai Noel, numa casinha muito fofa. Deixamos os guris admirando a decoração da rua e corremos para bisbilhotar a morada. Tal filha, tal mãe! Minha mãe esqueceu seus quase 80 anos na calçada e incorporou a meninice, apontando uma coisa e outra eufórica, conversando com Noel como se ali só ele fosse velhinho, posando para fotos como menina faceira. Mesmo sem foco, ou talvez justamente pelo clima mágico que a cena desfocada proporciona, enterneço-me cada vez que vejo esta imagem, que reconheço a troca de papéis, que relembro a felicidade dessa menina sendo conduzida por sua filha a momentos de fantasia. Envelhecer sem enrijecer a alma para os encantos simples da vida é lição para ser treinada desde agora (eu sei já faz tempo), é ensinamento para agradecer sempre, para sempre.

Já na ponta de um dos galhos da árvore genealógica, o neto dessa menina conheceu ontem uma "floresta" de pinheiros. Sem receio de estar incentivando-o a maus-tratos contra a natureza, fui com o sobrinho buscar nossa árvore de verdade, como sonhei nos últimos Natais passados em volta de um pinheiro de mentirinha made in China. Dona Lígia é a guardiã dessa "floresta" com mais de 4 hectares, quase no miolo da cidade. Foi ela que se incumbiu de explicar ao Bruno que na base do tronco de cada pinheiro cortado brotam mais de um, e que por isso há muitas e muitas décadas a área é coberta das grandes árvores-símbolo do Natal e seus filhotes de vários tamanhos.
Minha reserva estava lá desde o finalzinho de novembro, no papelzinho pendurado na árvore um pouco mais alta que eu
(ou seja, um filhote pequeno...rsrs).
É preciso ter paciência na "logística" do ritual.
É preciso convencer os envolvidos que o esforço será compensado com o melhor cheiro do Natal: o perfume do pinheiro, especialmente de manhãzinha. Enquanto a casa dorme, ele vai liberando seu aroma silvestre para recepcionar os moradores com um bom-dia perfumado, uma saudação-convite para se viver com mais intensidade os dias de espera pela noite feliz.
Marido e sobrinho se empenharam entre muitos ai-ai-ais e ui-ui-uis a cada encostada nos galhos espinhentos. Bruno clamou pela praticidade e questionou várias vezes se não seria mais conveniente retomarmos o pinheirinho plástico no próximo ano, mas não teve resposta. Até parece que não conhece essa tia teimosa, cheia de vontades quando o assunto é reprisar o que um dia fez o coração disparar.
Vejo a cena de fora e reconheço que também aqui trocam-se os papéis. Assumo os 9 anos do sobrinho conforme a árvore vai ganhando cor e desfio muitos e incontroláveis "Que linda!" a cada novo enfeite. E enquanto isso, o menino da era da instantaneidade, já entediado com a função, pergunta se vamos demorar muito... Mal sabe ele que continuo às voltas com o pinheiro trocando coisinhas, colocando mais algumas, espiando de longe, testando luzinhas, deliciando meus olhos com a vila que mora embaixo dele...
Mais alguns acertos e logo, logo ele estará aqui, combinado? preciso paciência com essa natalina...rsrs)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Flores e sementes no Natal

O amor às guirlandas é tanto, que sofro por antecipação assim que as coloco em seus lugares já projetando o vazio que deixarão quando voltarem para a caixa dos enfeites. Então, como o melhor é assumir as fraquezas, admito meu apego e encontro jeitinhos para não precisar me separar delas, afinal, guirlandas são lindas em todas as épocas. Esta aqui é ainda mais especial. Com seu ar provençal, nasceu num jardim respeitável e foi montada com delicadeza pelas mãos ásperas de Dona Julita. O ritual já faz parte do calendário de dezembro. Despeço-me da guirlanda do ano anterior, já um tanto desbotada, e substituo-a por uma novinha em flor. Garanto assim a presença da boa amiga nos 12 meses que virão lembrando-me o tempo de cada ciclo. Teria melhor lugar para ela morar para cumprir seu papel de sinalizadora do valor de cada hora?
Mas nem só de flores faz-se a beleza plástica dos tesouros da natureza. As sementes são outra paixão confessa. Volta e meia, volto pra casa com algumas ou muitas delas nos bolsos e bolsa. Estas gigantes, que parecem ser de uma espécie de jacarandá, foram recolhidas no chão de um piquenique pelo "sócio" Bruno. Aqui encontramos muitas delas, que ficaram dormindo por semanas no cesto onde vou juntando "coisinhas com potencial", até que foram então agrupadas no aro de vime.
"Recheei" com algumas pinhas miúdas dos pinheiros aqui de casa e finalizei com um laço dourado para mais vez equilibrar o rústico e o sofisticado.
Assim como a primeira, a simplicidade dessa guirlanda também nos fará companhia pelo 2011 afora. Trocarei a fita por uma xadrez e, com roupa campestre, estará prontinha para achar seu espaço, de preferência, bem à vista dos meus olhos.
Que nosso olhar continue se deliciando e inventando moda com os presentes da Mãe Terra. Amém!