sábado, 13 de novembro de 2010

Um Bom Tricô

"Se você pode fazer tricô, tricotar em ponto meia e seguir instruções, então pode fazer qualquer coisa." (Linda Johnson)
Por uma daquelas sincronicidades que movimentam a vida reunindo dois momentos como fios que tecem um sentido meio mágico, o tricô voltou a dar o ar de sua graça depois de muito tempo dormindo entre as minhas vontades. Na última semana, as agulhas funcionaram para dar forma a um Chiquinho, nome genérico dado pelo filho e afilhado quando crianças a seus bonecos de tricô que os acompanharam pela infância como fieis escudeiros das noites e parceiros até das viagens. Dessa vez, o presente é para um menino Bento. Dias antes, a retomada do antigo vício dos invernos se anunciava no título de um livro entre centenas em uma daquelas superpromoções da Submarino. Para aproveitar o frete grátis que me traria o tão sonhado Dona Benta (também em super oferta, conquista que conto nos próximos posts), pus o Um Bom Tricô no carrinho, pagando muito pouco (10,00, hoje 15,00) para apostar na história de 4 mulheres que a sintética resenha apresenta. E em terna harmonia, em uma tarde de primavera ainda fresquinha, voltei a tricotar e, nos intervalos, comecei a ler o livro. Logo estava duplamente rendida: pela curtição de manejar as agulhas e ver o trabalho crescer, e pelo roteiro levinho, mas de muitos significados, de Debbie Macomber. Já nos primeiros capítulos chegaram lembranças de tantas mulheres e suas trajetórias, emoção traduzida pela designer Ann Norling, na abertura do cap. 9: "Somos todas unidas pelo tricô. Tricotar me mantém conectada a todas as mulheres que fizeram minha vida tão rica". Lembrei especialmente da minha inesquecível vó emprestada Tadadi, que fez do tricô seu altar, seu divã, produzindo com maestria roupinhas de bebê com uma delicadeza tão grande quanto sua alma.Quer experimentar esse gostinho tão bom que um bom tricô pode dar à vida? Chiquinhos podem ser um bom começo. O projeto é muito simples e pode ser feito de vários tamanhos. Para este, trabalhei com 30 pontos de lã média, em ponto meia, trocando as cores em intervalos proporcionais para formar os sapatos, calça, blusa, rosto e gorro (clicando na foto pode-se ver o número de carreiras, só para ter uma ideia da altura de cada barra).
Para o gorro, trabalhe dois pontos juntos nas 3 últimas carreiras e arremate.
Costure.
Encha com plumante, amarre para formar a cabeça e costure no meio das pernas, deixando a emenda nas costas, e em cada lado do corpo para marcar os braços. Amarre também a parte dos sapatinhos.Faça o cabelo com lã grossa bordando laçadas e borde olhos e boca com linha fina (veja detalhes na primeira foto). Incremente o visual do Chiquinho com suspensório, friso nos bolsos, cachecol, pompom no gorro, quem sabe botões, nome bordado na blusa, gravatinha... Vestido de vermelho, mais uma barba branquinha, pode-se até ter um Chiquinho Noel, hum? (rs)
Para aquelas que acham que não levam jeito com as agulhonas, um último recadinho do livro: "Dizem que as pessoas que não têm paciência para tricotar sao justamente aquelas que mais poderiam melhorar suas vidas se aprendessem!" (Saly Melville) (Tóin!...rs)
Mas se o recreio à base de tricô fez bem, o feriadão reserva outra ocupação para as mãos, sem muitos intervalos. Mandalar, mandalar, mandalar... Exposição à vista, vendas de Natal começando a aquecer. E para ganhar novo ânimo, hoje fui "trabalhar fora"...
E a tarde ensolarada rendeu. Amanhã, quero bis, mas também alguma pausinha para ir um pouco adiante das 100 páginas percorridas do Um Bom Tricô. Com um cenário desses, com canto de passarinho, dança de borboletas, cheiro de grama cortada, uma caixa lotada de tintas, um estoque de vidros e um livro que me chama, não preciso de muito mais para ser feliz (graças a Deus).
Um "bom" feriadão a todos! Amém.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Lar de passarinhos

Com dois fuxiquinhos e retalhinhos de feltro nasceu hoje aqui um bebê passarinho, um canarinho, em dois tons de amarelo. Precisava de uma casa, é claro, e parti para a construção da morada que há tempos namoro pela blogosfera. Seguindo a mesma cor do morador, usei a embalagem dessas flores que mostrei aqui para a base.
Cortei em cima para emparelhar. Recortei uma porta no estilo tradicional das residências das criaturinhas voadoras.
Para o telhado, cortei um retângulo de papelão um pouco maior que a caixa.
Forrei as paredes externas e o fundo com estampas diferentes, espalhando cola branca com pincel na cartolina e depois sobre o tecido, para impermeabilizar. Dentro, usei um único tecido, com estrelinhas. O telhado também foi encapado: uma estampa por fora, outra por dentro. Para os acabamentos, viés estampadinho na moldura da porta e pomponzinhos na fachada. Juntei as duas partes com cola quente e a obra ganhou o habite-se e liberou o morador a tomar posse e fazer pose.
Ei-lo aí, faceirinho e muito precoce. Com apenas algumas horas, já se arrisca a sair do ninho e examinar a vida lá fora bem acomodado no seu poleirinho. Bem diferente de uns parentes seus, que há dias ensaiam uma voltinha...
Lembram da movimentação na casinha da minha área há algumas semanas? Os preparativos do casal de corruíras anunciavam bebê à vista, mas eu bem que duvidei. Passaram-se dias de quietude, e considerei que haviam desistido da morada em lugar de tanta circulação de humanos.
Que nada! Sob cuidados intensivos dos papais, que se revezam na sentinela e num vaivém do quintal à casa trazendo alimentos fresquinhos, aí estão os bebezinhos mais glutões da redondeza.
Não são uns fofos que justificam gastar tanto do meu tempo como paparazzo, à espreita para pegá-los em bom ângulo, driblando a marcação cerrada da mamãe? Espertinha e ágil, me vence no cansaço e continua invicta, fugindo de todos os flashes e me observando de um galho da laranjeira com carinha de quem se pergunta quando irei desistir. - Não me entrego fácil, dona passarinha. Enquanto a família estiver sob o meu teto, a câmera continua no bolso e a esperança nos meus olhos. Haverás de ter um minutinho de distração, e eu, o gostinho de te registrar na refeição dos filhotes, bico no bico. A cena, tão querida, vale a teimosia e todos os minutos à disposição que, hoje, são o saldo mais valioso dos meus dias sem agenda.
Se também "adotar" um canarinho e der a ele um lar, não esqueça de nos mostrar.