quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Surpresa para os comentaristas!

Em dívida com os leitores que passaram por aqui nos últimos dias e que ficaram sem retorno de seus comentários, como costumo fazer, tudo pela rotina meio virada da semana, como explico no último post, eis que ontem à tarde tivemos uma ideia, eu e Bruno, o sobrinho sempre parceiro em projetos "promocionais" (rs). Então, ainda em clima de Dia das Crianças, a tarde ganhou uma aura de festa com as providências para por a ideia em prática. Qual ideia? Mimar um dos comentaristas até aquele horário dos 4 posts que trataram das minhas criancices. E lá fomos nós listá-los: Maria Luiza, Sandra, Ana Matusita, Cecília Helena (a campeã em comentários), M. Teresa, Carina, Cris Rosa, Alexandre Gonzalez, Rosa, Marina Mott, Cecília, Maria Amélia, Laély, Lu Gastal, Mari, Veia da Teia, Helena, Cynthia, Nárriman e Tina.
Para sermos justos, cada comentário ganhou um papelzinho. Então, vários saíram na frente com chances multiplicadas, como a Cecília Helena e a Teresa.
O melhor da festa foi uma ideia roubada da Lúcia, do Calma que Estou com Pressa. Bruno "enlouqueceu" com o balão-surpresa.
E como precisávamos de uma partner para o show, o universo se encarregou da visita da amiga Susi bem na horinha em que caminhávamos para os "finalmentes". Agulha na mão e Bruno no chão (vejam as mãozinhas à espera do papelzinho sortudo), estouro, gritaria e risadas anunciaram a ganhadora...
... que foi a querida Marina Mott (com seu nome um pouquinho transfigurado pelo assistente de produção....rs), a mais recente seguidora do Amém.
E o mimo? A guirlandinha que mostrei aqui e que teve a contribuição do Bruno com a matéria-prima.


Pelo jeito, e se depender do sobrinho, o mês das crianças seguirá com um roteiro delicioso nas nossas tardes semanais, compromisso que renovamos nas nossas agendas a cada ano assinalado com estrelinha dos favoritos. Quem sabe na próxima semana inventamos outra moda para agitar o Amém, hum?

Marina, aguardo contato para passares teu endereço, combinado?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dia de Fênix

No dia em que o mundo torce em comunhão pelo resgate histórico e emocionante dos mineiros no Chile, e me derreto em choro manso a cada imagem de reencontro desses homens fortes com a luz e com seus amores, "num renascimento psíquico, físico, existencial, inimaginável", como tão bem colocou Evânia Reichert no Facebook...
...uma outra torcida descarregou doses extras de adrenalina na minha química. Serenei à tardinha, depois de algumas semanas de aflição vigiada. Um laudo atestando a saúde do peito que na adolescência esperou pelo seu primeiro sutiã como um talismã, e que se entumesceu de leite para alimentar o filhote amado, me devolve a tão valiosa paz como bênção inestimável.

Assino as palavras da Evânia, com o aprendizado à flor da pele: "A vida, quando está em seu limite, ganha o seu devido valor. Há muito a aprender com isso, para deixarmos as frescuras, os dramas e as mediocridades de lado". Amém!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O fruto da minha criancice...

...completa hoje 20 anos. Enquanto me acostumo com a condição de mãe à distância do Sininho, filho virtual a quem dediquei o melhor da minha criancice, seu aniversário diz um sonoro AMÉM ao caminho profissional que a menina que mora em mim conquistou.
O presente nesta data tão querida não poderia ser mais bonito. Entregá-lo aos cuidados da sobrinha emprestada, uma sementinha de luz que vi germinar numa linda mulher, é recompensa-surpresa muito maior, muito melhor, muito além do que poderia projetar.
Foi um aniversário feliz. Foram 20 anos em constante companhia da minha generosa porção criança, e é muito, muito bom recordá-los enquanto viro a página para escrever outras histórias amparada pela minha menina que me protege desde sempre do mal que mais temo: ver a vida em preto e branco. Neste Dia das Crianças, lá estava ela, rindo à toa por ter a companhia do sobrinho-quase-neto Bruno para soltar a criancice.
Que minha gratidão chegue a todos que alimentaram minha infância de fantasia, encantamentos, afeto... Que a menina cheia de vida que fui, que venceu as limitações físicas botando fé na capacidade ilimitada da busca pela beleza, dos pequenos e grandes deslumbramentos, siga ao meu lado apontando o trajeto, fortalecendo os passos para que juntas continuemos crescendo em direção do melhor que podemos ser. Amém!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Criancices (3) com PAP

Tenho as mãos nervosas, como tão bem define a Cecília, do Quilts são Eternos, desde muito cedo. Se a memória é fraca, os registros dos primeiros passos no mundo craft são nítidos como poucos. Volta e meia, retomo algum trabalhinho desenvolvido quando criança, e é uma alegria dobrada, muito por hoje ter tanta fartura de material, bem diferente daquela época de vacas magras no porquinho-cofre. Acredito que foi justamente a escassez de recursos que me ajudou muito a desenvolver a criatividade. Quem não tem cão, procura gato, passarinho, pato, tartaruga para caçar... (rs) e dá um jeito de viabilizar os projetos.
A natureza é um baú de tesouros para os olhos de uma criança que conta com menos de meia dúzia de materiais para dar forma a alguma inspiração. Muitas vezes, a própria inspiração nasce da observação de algum elemento do jardim, da pracinha, do canteiro da rua. Pedrinhas, galhos, sementes, folhas, conchas, penas... valem ouro para a imaginação entrar em ação. Assim foi com as florzinhas que viraram febre quando tinha lá meus 8 a 10 aninhos. Os eucaliptos da redondeza ofereciam seus pequenos cálices sequinhos em abundância, e num belo dia, clic!, fez-se a luz. Juntando a eles círculos de retalhos de tecido estava feita a mágica: rapidamente nasciam lindos buquezinhos. Então montava arranjos, cestinhos, usando como base as também escassas sucatas, já que naquele tempo as embalagens eram poucas.
Para brincar com vocês, encomendei ao meu sobrinho Bruno as sementinhas cheirosas, porque hoje não tenho mais nenhuma dessas árvores por perto. Gentil, meu querido tratou da "colheita" na casa de veraneio dos avós, e quando me entregou, justificou: "Agora não é época das sementinhas, por isso trouxe poucas". Mas elas rendem, e a porção foi mais do que suficiente para a pequena guirlanda. Vamos ver como se faz?
As sementinhas(?) secam na árvore e, na época certa, é possível colhê-las com cabinho. Estas, por já serem velhas e pegas no chão, estão sem o galhinho.
O miolo é estreito e precisamos tirar os "gominhos". Para isto, usei um pequeno alicate pontudo, mas pode ser feito também com a ponta de uma faca.
Para a flor, recorte círculos de mais ou menos 4cm de diâmetro de um mesmo tecido ou de vários.
Pingue um pouco de cola dentro do "cálice".
Coloque o círculo em cima e com a ponta de um pincel firme o tecido, apertando para ajudar a dar forma à florzinha.
O tecido ganhará um leve franzido.
Faça várias florzinhas. Como sou nervosa também com as cores (rs), usei retalhinhos de diferentes estampas e tons.
Agora vamos à guirlandinha. Como mostrei aqui, minhas árvores-vovós produzem bastante cipó e posso tramar guirlandas com eles. Mas se você não tem essa disponibilidade, nas lojas de artesanato encontra-se guirlandas de diferentes tamanhos e materiais. Pode-se também fazer uma base circular de papelão, cobri-la com tecido e depois colar as florzinhas. Enfim, olhe em volta com olhos de criança e com certeza encontrará uma solução para a base do enfeite.
Cole as flores na guirlanda com cola quente, agrupando-as sem se preocupar com muita simetria.
Finalize com um laço de fita.
A minha mimosa ficou assim:
E já está na parede tão exibida quanto sua dona (rs).
Tem menina em casa? Que tal convidá-la para brincar de florista? A menina da sua alma ficou com os olhinhos brilhando e coceira nas mãos com a ideia? Aproveita para levá-la pra passear enquanto procuram eucaliptos cheirosos... Se precisamos de um empurrãozinho para curtir a criança que morará eternamente em nós, o feriado de amanhã dedicado aos pequenos por ser uma boa desculpa, não acham?
As manualidades são curativas, e sou imensamente grata às minhas mãos nervosas que, com seus movimentos, me presenteiam com uma tranquilidade como só elas sabem tecer em mim.

domingo, 10 de outubro de 2010

Criancices (2)

Maria-sem-vergonha é a florzinha-símbolo da minha infância. Tão fácil de cultivar, quase inço no quintal, uma matéria-prima sempre à mão que, com sua variedade de cores, permitia incontáveis brincadeiras. Além de decorar os pequenos vasos das casinhas montadas no canto do quarto ou embaixo de alguma árvore, tinha uma propriedade mágica de se transformar em tinta quanto amassada e esfregada no papel. Adorava o efeito aquarelado da técnica, também experimentada com outras tantas flores e matinhos. Seus frutinhos eram, e ainda são, uma diversão à parte. No verão, engordam, ganham uma barriga estufada, e quando levemente apertados, estouram espalhando as minúsculas sementinhas e imediatamente se enroscam e viram caracóis frisados. Procurar as grávidas mais gordas é um exercício de percepção que faço quase que no automático, e não é uma ou duas vezes que, saindo de casa, mesmo atrasada, paro em frente a uma moita de balsaminas para estourar as gordinhas.
A versatilidade das "marias" também chegava aos sonhos de vaidade da menina que não via a hora de se tornar mulher. E para ser mulher, na concepção que tínhamos do feminino na infância, precisaríamos de alguns aparatos de beleza, como unhas compridas e bem-cuidadas, como as que tanto admirava nas mãos da mãe, tias e professoras. Era uma época em que as meninas aguardavam os 15 anos para ganhar passe-livre a alguns artifícios, como usar batom e pintar as unhas. Batom não gerava grandes expectativas, mas as unhas... Ah, para quem roía as suas até não aparecer nenhum branquinho, era uma imagem distante. Então, enquanto esperava a idade andar, brincava de mulher crescida (que não roía unhas) ...
E as pétalas da maria-sem-vergonha eram perfeitas para criar as mãos que gostaria de ter. Podia trocar de cor de "esmalte" numa piscar de olhos. Bastava despetalar a florzinha, passar saliva em cada unha e "colar" as postiças. Quanto maiores, maior a satisfação.
Daí era só fazer poses, gestos e imaginar a mulher que um dia me tornaria. Projetar o futuro pelas unhas da mão, mesmo que parecessem unhas de bruxa, tinha um estranho poder de assegurar que um dia deixaria de ser uma roedora e, com unhas vermelhas, bem mais fácil seria encontrar meu lugar no mundo.
A "profecia" se cumpriu. A mania de roer unhas ficou no passado, logo depois passei a pintá-las vez que outra de escarlate, enquanto abria espaço para desbravar a vida.
Hoje, prefiro o brilho discreto do esmalte incolor, ainda que a moda aposte na paleta de cores lindas e vibrantes dos esmaltes. Sem vergonha, assumo que o básico me basta e uma gostosa sensação de liberdade me abraça. É bom se desvencilhar do papel de maria-vai-com-as-outras, mesmo que a menina que mora em mim às vezes se aborreça com isso. Mas daí ofereço-lhe um colinho, e logo fizemos as pazes.
Um bom domingo a todos! Amém