sábado, 4 de setembro de 2010

Dona Julita e sua Kombi...


... é parada obrigatória quando subo à serra. Na verdade, o passeio às vezes é só desculpa para ir encontrá-la com sua feirinha ambulante. A velha Kombi fica estacionada ao lado do Ateliê da Anelise Bredow, na BR 116, em Morro Reuter (RS), nos sábados e domingos de tempo bom, e sua clientela tem um verdadeiro contrato de fidelidade com a produtora rural. Não é para menos. Verduras, legumes e frutas, cultivados por dona Julita (assim mesmo, sem o E, para que ela seja singular também no nome) e familiares, são colhidos de manhãzinha, e muitos chegam a nossas mãos ainda com um pouco da terra de onde vieram, 100% fresquinhos.
Do seu jardim vêm as flores, muitas!, algumas raras, e as folhagens, em mudas ou já crescidas. Os buquês, montados com capricho e criatividade, mereceriam páginas de revista. O conflito para escolher é previsível, e o exagero da compra, também. Pego um já de olho num outro, e lembro de alguém, e busco mais um, e mais outro porque aquela cor é irresistível, e outro porque quem garante que na próxima visita encontrarei tal espécie... Resumindo: faço um rancho, o carro parece o de uma floricultura na volta. Depois trato de distribuir as belas "filhotas" da vó pelos vasos e para a turma que adora flores.
Na última ida ao Morro Reuter, trouxe buquês da flor mais esperada por mim no ano: os perfumadíssimos junquilhos, e a primavera chegou antecipada e doce pelo aroma que se espalhou pela casa.
Vieram também narcisos, exuberantes na forma e cor, justificando o mito.
Trago junto ainda o que talvez mais busque a cada visita à dona Julita: a sua alegria inocente, genuína, contagiante. É tomada dela que a senhora de mais de 80 anos conta com sorriso nos olhos as novidades da sua horta, entusiasmada feito criança com os brotinhos que anunciam colheita farta, ou com uma espécie afobada que resolveu florescer antes do tempo, ou com uma receita de família com algum dos seus ingredientes que gentilmente ensina o cliente a preparar... Nos intervalos, se perguntada se está tudo bem, responde sempre que sim, e repete alguns capítulos não tão bons assim, mas logo volta às histórias da terra. Se o corpo fala, e em alguns grita, no caso de dona Julita, ela o faz o calar. A corcunda pronunciada, patologia com a qual convive há décadas, não só não a impede de trabalhar, como faz com que ela se adapte ao banco traseiro da Kombi, onde sentada recebe sua clientela amiga. Curvada, planta e colhe. Curvada, pinta as unhas dos pés e das mãos marcadas pela lida no campo. Curvada, prepara as sacolas para os compradores. Curvada, abana e joga beijos da porta do seu veículo quando começamos a nos distanciar (e eu me derreto). Curvada e com a alma ereta frente à vida, semeia muito mais do que supõe.
Despeço-me dela sempre assim, com o coração curvado em reverência, desejando-lhe saúde e boas colheitas. Amém!

Minha amiga tá na Globo!

E eu, orgulhosa dela, faço o convite para quem é de perto, ou mesmo quem é de longe e está passando o feriadão na serra gaúcha, para visitar seu Ateliê em Morro Reuter, na Rota Romântica. Anelise Bredow é ceramista e suas peças estão fazendo bonito em duas novelas atuais da Rede Globo:
Tititi

e Passione

(imagens das novelas do seu blog)


Para me exibir um pouquinho mais, mostro obras dela que tenho em casa:

Plaquinhas assinadas no armário do banheiro...

... e outras identificando com muito charme os temperos do quintal.

Para conhecer o trabalho e a trajetória de sucesso dessa artista que modela suas inspirações com sua alma sensível e arrojada, clique aqui.

E na próxima parada em Morro Reuter, amanhã, outra personagem que também mereceria estar na Globo: dona Julita.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Uma floresta de cogumelos!!!...

... brotou da noite para o dia na terra batida da área em construção, e entre exclamações alardeadas aos humanos da casa, em estado alterado pela surpresa nunca vista, chamei também o povo pequeno, que mora no jardim.
Logo embrenharam-se pelo campo de "chapeuzinhos vivos". Era visível que até eles, acostumados à natureza farta dos cogumelos, eram só admiração e alegria.
Aquele que vive da colheita observou de perto a espécie, que nasce como grão de arroz, horas depois ganha caule e corpo branquinhos e, em menos de um dia, "amadurece" e, crescido, se pinta de tons de cinza.
Ainda meio incrédulos, buscaram Alfredinho, um dos moradores do baú, para confirmar que a cena não era miragem.

O gnominho ancião percorreu caminhos pelo bosque encantado, examinou aqui e ali e depois ponderou: "Quem acredita que é preciso crer para ver, mais dia, menos dia, acaba por ver o fruto da sua fé". Observando-os bem de perto, também ouvi o recado, pelas ondas do coração. Agradeci, literalmente de joelhos, ter confiança no invisível e olhos para ver. E ...


... tratei de aproveitar mais um pouco a linda e inusitada inspiração (efêmera, pois da floresta, hoje só restam alguns poucos cogumelinhos). Mãos à obra para reproduzir e assim registrar, não só pelas fotos, o "milagre" do domingo. Para confeccionar os cogumelos, recortei círculos de mais ou menos 8 cm de diâmetro.

Alinhavei como para fuxico, recheei com plumante...

... e prendi num pedacinho de galho seco.

No de feltro, bordei as pintinhas.

Na minha "floresta", as árvores anciãs abrigam grande quantidade de cipós. Adoro. Quando faz-se limpeza no quintal, busco alguns do monte destinado ao lixo, e mesmo vendo alguns narizes torcidos, guardo-os ao Sol até secarem. Estão prontos então para serem também torcidos, amarrados, formando guirlandas rústicas, base para um sem fim de ideias decorativas, apesar de gostar muito delas assim, nuas, só com um adereço simples. Mas hoje o projetinho é outro. Amarrei os cogumelos com cipós finos à guirlanda e comecei a gestação do serzinho para aquele cenário.
Costurei à mão um tubinho de malha de algodão, com diâmetro de pouco mais que um dedo, e enchi com plumante.

Amarrei a parte de cima e fechei a de baixo, franzindo.

Fiz um gorrinho com feltro e costurei no meio da parte de baixo, para formar as pernas, e dos dois lados do corpo, para dar a impressão de mãos no bolso. (Esta é uma miniversão dos bonequinhos de tricô que muito tricotei. Uma hora dessas faço uma sessão nostalgia e mostro.)

Pintei calça e blusa com tinta para tecido. Bordei olhinhos e boca.

E lá foi ele morar entre os cogumelos, que ganharam também um passarinho xadrez.
E vejam quem voltou a se espantar?

- Nosso amiguinho, não se assuste, ele é um pequeno e bom camarada, e ela, a humana, promete deixar seu povo em sossego nos próximos dias. (Ouço-os dizendo, em coro: Amém!)
Atualizando: O Fabiano Mayrink, do blog Musgo do Campo, menino apaixonado pela natureza, seguiu a lição direitinho e fez seus cogumelos. Vejam que lindinhos, junto a uma pinha!

domingo, 29 de agosto de 2010

E nasceu a cadeirinha...

... alma gêmea do banquinho!
Com laços...

fricotes em crochê... como "touquinhas" em par ...
pomponzinhos e coração com dedicatória à musa inspiradora. Embalada para presente...para a ruivinha mais encantadora do planeta...
que comemorou seus três aninhos hoje, em festa celebrando também a vida do planeta...
com fartura colhida pelos pequenos no quintal...
na mesa colorida...
na criatividade das mãozinhas...
no compartilhar dos presentes com os convidados...
que levaram a colheita e as flores por eles plantadas como recordação da tarde feliz.
Que a cadeirinha que foi morar numa casinha de bonecas, junto à natureza bem cuidada, acompanhe, vele e revele os sonhos da sua princesa.
Amém!